BRT Move de BH convence donos de carros a usarem transporte público: 30% da demanda, diz Instituto Internacional

ônibus BRT

Dados mostram que é interessante continuar investindo em BRT. FOTOWikiwand

Mesmo assim, a elevação do número de passageiros nos transportes públicos como um todo é bem inferior ao aumento das viagens de carros e de motos

ADAMO BAZANI

O sistema de BRT Bus Rapid Transit, formado por corredores de ônibus, MOVE, de Belo Horizonte, tem em sua demanda 30% de pessoas que possuem carros próprios, mas preferiram deixar os veículos na garagem para se deslocarem por meio de transporte público.

O número faz parte de uma pesquisa do Instituto internacional WRI – Cidades Sustentáveis e foi trazido pelo repórter Bernardo Miranda, do Jornal O Tempo.

Se forem levados em conta outros meios de transportes, ainda de acordo com a pesquisa, o Move BRT convence mais gente a optar pelo ônibus.

De acordo com os dados, 52% dos usuários têm os corredores como única opção e 48% poderiam usar outros meios de transportes, inclusive o metrô, mas preferem os ônibus em corredores.

Acompanhe:

– 30% poderiam usar carros, mas preferem o BRT.

– 10% poderiam usar o metrô, mas acham o ônibus em corredores do BRT mais adequados para suas necessidades

– 5% poderiam usar moto, mas usam o BRT

– 3% têm como opção táxis, transporte escolar, bicicleta, mas preferem o BRT

– 52% têm o BRT como única opção.

No entanto, ainda um dos principais desafios para Belo Horizonte é fazer com que mais pessoas utilizem transporte coletivo.

Essa foi uma das grandes preocupações demonstradas pela prefeitura ao lançar no início deste mês, como noticiou o Blog Ponto de Ônibus ,o Plano Estratégico BH 2030.

Na ocasião, os dados de demanda mostraram que isoladamente o sistema de BRT não foi capaz de representar um ganho para as viagens por meio de transporte coletivo, mas o número não poderia ser analisado de maneira isolada responsabilizando ao BRT um eventual fracasso.

Na verdade, os números mostraram, como já evidencia a reportagem do Blog Ponto de Ônibus na ocasião, que o sistema trouxe vantagens, como redução de até  45% no tempo de viagem, mas que é necessário pensar no transporte como uma rede e não apenas com investimentos em um sistema. Assim, os corredores de ônibus e o metrô devem ser ampliados, mas os serviços de ônibus comuns em bairros devem ser melhorados e haver medidas que desestimulem o transporte individual. Relembre em: http://wp.me/p18rvS-6Ef

Ainda de acordo com o levantamento da WRI Cidades Sustentáveis, os principais concorrentes do sistema de BRT são as motos, pelo baixo custo de aquisição e manutenção desse tipo de veículo.

Na reportagem, o presidente da BHTrans, Ramon Victor César, diz que o BRT Move trouxe a vantagem de reduzir a queda no número de usuários de transporte coletivo

“Isso mostra que, de alguma forma, o Move traz um benefício que incentiva as pessoas a deixarem os carros. Nos últimos anos, o ônibus vinha perdendo passageiros para o transporte individual de forma acentuada. Após a implantação do Move, se não conseguimos fazer crescer o número de usuários do transporte coletivo, pelo menos estabilizamos a queda”.

De acordo com dados da BHTrans, ainda há muito a ser feito para reduzir o número de veículos particulares em viagens habituais nas ruas.

De 2005 a 2015 o número de veículos por 100 habitantes aumentou 83% enquanto o número de passageiros do transporte público por 100 habitantes nesse período de 10 anos teve crescimento de 0,9% .

A frota de motocicletas subiu 160% entre 2005 e 2015. Em 2005 a participação das motocicletas na frota de BH era de 9,4%, hoje é de 12%.

Apesar das melhorias no sistema de transportes o BRT Move ainda é alvo de muitas críticas, como excesso de baldeações e a lotação.

Passageiros dizem que apesar dos ganhos, o BRT precisa evoluir, a exemplo do que ocorre com outros modais, como próprio metrô da capital paulista. Sem o metrô em São Paulo, hoje é impossível se deslocar, mas o sistema também precisa melhorar e ser ampliado.

Assim, a solução não vem apenas por um modal. É bobagem rivalizar ônibus e sistema de trilhos. Ambos devem se complementar.

Ainda de acordo com a pesquisa, a maioria dos entrevistados acredita que melhorou o sistema de transporte da capital com os corredores de ônibus.

Acompanhe:

–  54% acham que melhorou

– 32% acreditam que nem melhorou e nem piorou

– 8% dizem que piorou

– 3% acham que melhorou muito

– 3% acham que piorou muito.

Em relação aos transportes como um todo,  a visão do passageiro em Belo Horizonte é otimista:

– 51% acham que os transportes vão melhorar

– 35% acham que não vai melhorar, mas também não vai piorar

– 9% acham que vai piorar a situação

– 3% acham que vai melhorar muito

– 1% acham que vai piorar muito

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Paulo Gil disse:

    Amigos, bom dia.

    Considerando-se o post anterior e este, fiquei confuso.

    Muitos usuarios do buzao possuem carros, assim essa pesquisa, na minha opiniaoe e confusa.

    Se o usuario do buzao tem ou nao tem carro e um dado estatistico.

    Mas para saber se esse BRT deu certo ou nao, deve ser efetuadas contas mais simples.

    Qual o volume de passageiros de buzao sao transportados nesse trajeto ?

    Esse BRT foi projetado para transportar quantos passageiros, hora, dia, semana mes ??

    Apos a inauguracao do BRT, qual e o volume de pessoas transportadas.

    Ai sim, atingiu o projetado ou nao ?

    Em quantos % superou o sistema antigo ?

    Superou o projetado ?

    Agora se os usuarios possuem meio de transporte individual e um dado estatistico, mas nao serve para determinar se o BRT foi util ou nao.

    Afinal, qual e o resultado do BRT MOVE DE BH em termos de passageiro transportados ?????

    Deu certo ou errado???

    Compensou o investimento ????

    Estas sao as respostas que interessam ao contribuinte e validao ou nao o projeto.

    Att,

    Paulo Gil

    1. Marcos disse:

      Tenho de admitir que o BRT belorizontino resolveu ao menos parte do problema do transporte coletivo da cidade. Isso se considerar apenas o vetor norte de BH. Antes do advento do BRT ir de ônibus da Pampulha e Venda Nova ao centro de BH, por exemplo, era um inferno na terra, congestionamentos frequentes, gastava-se até três horas de trajeto. Hoje gasta-se no máximo meia hora( em alguns casos até menos que isso) em ônibus articulados com ar condicionado, com direito a linhas expressas que não fazem paradas durante o trajeto. Pena que as demais regiões da cidade nâo terão Move tão cedo.

  2. Daniel Duarte disse:

    O governo poderia baixar os impostos daquelas bikes que dobram, assim muitas pessoas que reclamam da demora pelos serviços alimentadores, poderiam deslocar-se de bike até um Metrô ou BRT. Assim como nos ônibus de viagem, onde tem um guarda volume em cima dos bancos, deveria ter no metrô ou BRT algo adaptado para estas bikes.

  3. Marcos disse:

    Mas deixaram muitas regiões populosas de BH sem chances de receber o Move, como o Barreiro por exemplo. Nessa região, que é a mais populosa de BH, há dois terminais de ônibus mas não há corredores de Move e nem tampouco metrô. E o pior, as linhas troncais que ligam esses terminais ao centro de BH são operadas por ônibus de motorização fraquinha e ainda por cima bastante minúsculos, e a cada renovação as empresas encurtam ainda mais justamente esses carros, que fazem linhas de alta demanda. Não demora muito para linhas como 30 e 32 serem operadas apenas por micro-ônibus do Suplementar. Um absurdo! Mas quando o assunto é melhorias em mobilidade urbana o Barreiro e todo o vetor oeste da RMBH não aparecem no mapa dos governantes.

  4. Bruno Lopes disse:

    Se tivessem feito um sistema assim em SP no lugar daquela tranqueira de monotrilho teria sido muito mais vantajoso sem nenhuma dúvida…

  5. Não sei não hein, dizem que esse BH tem muitos gargalos, e tem trechos que dividem a pista com carros.

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