BRT de BH não aumentou adesão aos transportes públicos, mas números não podem ser vistos de forma isolada

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Metrô não avança e ônibus fora de corredor ainda deixam a desejar

ADAMO BAZANI

Ao divulgar nesta quarta-feira, 8 de junho de 2016, a nova versão do Plano Estratégico BH 2030, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, teve de se deparar com um número não muito animador: o sistema de corredores de ônibus Move BH ainda não foi capaz de atrair mais pessoas do transporte individual para o transporte coletivo como um todo.

De acordo com a NTU – Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, a demanda por ônibus em Belo Horizonte, em 2015, teve uma queda de 6,5%. A entidade atribui o agravamento da perda de passageiros à crise econômica.

Desde 2012, a demanda pelo transporte coletivo cai em Belo Horizonte, quando foram registradas 453 milhões de viagens. Em 2015, quando o MOVE já estava em pleno funcionamento, o número de viagens caiu para 438 milhões.

No entanto, não é possível dizer de forma alguma que o MOVE BRT foi uma escolha errada. O sistema transporta diariamente em torno de 500 mil passageiros e deixou as viagens até 45% mais rápidas.

A questão está na falta de uma rede mais ampla e conectada de transportes, o que contempla a melhoria dos serviços dos ônibus que não passam pelos corredores e que complementam a viagem do Move BRT e também a ampliação da rede de Metrô. O BRT custou até agora R$ 962,92 milhões.

O metrô transporta hoje 200 mil pessoas por dia. Se a linha 2 – Barreiro Calafate e linha 3 – Savassi Lagoinha tivessem sido concluídas, só pelo sistema de trilhos, poderiam passar 980 mil pessoas por dia. No entanto seriam necessários hoje R$ 7 bilhões.

Além disso, é necessária a melhoria da velocidade média dos ônibus da capital mineira com a expansão do MOVE e de faixas à direita.

Apesar da malha de corredores proporcionarem um desempenho melhor aos coletivos, é justamente fora dos corredores que os ônibus enfrentam problemas. Tanto é que a média hoje de velocidade é de 15,4 km/h.

A prefeitura de Belo Horizonte tem a meta de fazer com que 70% dos deslocamentos sejam realizados por meio de transporte coletivo. Hoje são apenas 43%. Outra meta é ampliar a média de velocidade dos ônibus para 24,7 km/h.

No novo plano estratégico, a prefeitura ampliou o número de metas Confira a nota da Prefeitura e abaixo o plano na íntegra que o Blog Ponto de Ônibus teve acesso:

O novo Plano Estratégico traz sete desafios, 43 metas e 36 estratégias. Na versão anterior, o plano contava com seis objetivos estratégicos, 25 metas e 20 estratégias de desenvolvimento. Com as transformações observadas nas conjunturas local, nacional e mundial nos últimos anos, ficou evidenciada a importância de submeter o plano a uma nova revisão. Além disso, houve necessidade de ampliar os desafios. “Ações já vinham sendo realizadas. O plano foi atualizado para que novas metas fossem superadas”, disse o prefeito Marcio Lacerda. Está previsto que mais de dois terços dos objetivos seja atingido até o final deste ano. “As cidades são locais de grandes desafios. Os gestores públicos, em parceria com a população, têm a capacidade e a obrigação de construir um futuro melhor e trabalhar para que esse sonho seja realizado”, completou.

Desenvolvido ao longo de 2009 e submetido à revisão em 2010, o Plano Estratégico foi balizado por uma visão de futuro e reúne metas ousadas, mas realistas, tendo como meta um horizonte construído em torno de desafios, oportunidades, identificação e antecipação de tendências. No decorrer de 2015, após diversas reuniões entre poder público e representantes da sociedade civil, foi elaborada essa nova versão, com cortes, acréscimos e, principalmente, uma configuração atualizada e mais encorpada, sem alterar seus propósitos originais.

Plano Estratégico BH 2030

CLIQUE E CONFIRA O PLANO

 Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Pérsio Cupertino de Paiva disse:

    Prezado Ádamo Mobazani, muito bom vê-lo a frente de um blog que divulga e faz a difusão do transporte coletivo nas cidades do Brasil.
    Moro em BH mas não utilizo o MOVE em meus deslocamentos pois as linhas não servem a região onde resido.
    Os ônibus articulados e os Padrons do Move são moderníssimos com ar refrigerado e motores potentes mas tenho uma crítica a fazer:
    Os ônibus articulados não deveriam circular pelo hiper centro pois são muito grandes para circular pelas ruas centrais da cidade.
    O ideal é que eles passem pelas Avenidas Santos Dumont e Paraná e de lá retornem para os corredores Cristiano Machado e Antônio Carlos onde possuem faixas exclusivas centro/norte/centro.
    Para rodar no centro o melhor é colocar os ônibus padron do Move circulando entre o centro e as Avenidas Paraná e Santos Dumont.

    1. Olá Pérsio.

      Muito obrigado pela sua observação. Esta adequação de frota a configuração da via é extremamente essencial e pode influencia até mesmo na velocidade comercial

    2. Você saberia dizer se o trecho do corredor tem partes de dividem com carros a via?

      1. Pérsio Cupertino de Paiva disse:

        No corredor exclusivo das Avenidas Cristiano Machado e Presidente Antônio Carlos não há compartilhamento de faixa com automóveis, exceto táxi que podem circular quando estão com passageiros.
        Táxis sem passageiros também são proibidos de andar nas faixas exclusivas.
        Na área central da cidade os ônibus Move dividem as ruas com carros.

  2. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite.

    Em que pese as qualidades de um sistema BRT, por mais bonito que seja, nenhum BRT se sustenta se nao houver uma rede muito bem montada.

    Ai um BRT fica uma “ilha”, sem um otimo aproveitamento, haja visto a observacao feita pelo Sr. Persio em seu comentario.

    Mas no Brasil tudo se faz pela metade e obviamente com baixo rendimento operacional.

    E assim continua o disperdicio do erario publico, corroendo o pais a cada dia.

    Quando fizerem os sub sistemas o BRT estara sucateado, ai reforma nele e assim sucessivamente, sempre no “cobertor curto” e obras “alta$$$$$$”.

    O que importa nao e o rendimento do BRT e sim o “rendimento da$ obra$ con$tante$.

    Att,

    Paulo Gil

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