Ônibus a etanol são reformados em São Paulo e empresa estuda colocar veículos elétricos na zona Sul

onibus a etanol

Ônibus a Etanol na garagem da MobiBrasil. Depois de problemas, empresa reforma veículos com a fabricante Scania. Foto: Adamo Bazani.

De acordo com o diretor de viação ao Blog Ponto de Ônibus, coletivos a etanol são boas soluções, mas apresentaram problemas operacionais

ADAMO BAZANI

Apontados como uma das soluções para o problema da poluição em São Paulo, os ônibus a etanol na capital paulista passam por modificações para corrigir problemas em relação ao rendimento, à durabilidade e à operação.

O diretor-executivo empresa MobiBrasil, dona dos veículos e que opera entre zona Sul e o centro da capital paulista, Manoel Marinho, disse ao Blog Ponto de Ônibus, que as unidades a etanol estão sendo modernizadas em parceria com a fabricante Scania.

“Até o momento, o ônibus a diesel ainda é mais confiável, mas o veículo a etanol traz uma solução importante do ponto de vista da sustentabilidade. Houve alguns problemas e esses ônibus estão sendo reformados com a participação da Scania. Sustentabilidade é um dos nossos valores” – disse Manoel Marinho.

A empresa de ônibus possui atualmente 49 veículos em operação movidos a etanol, com carroceria da Caio.

“As reformas não são estéticas ou em carroceria, mas em motores e componentes e o processo será gradativo, é um trabalho detalhado, que não pode ser feito com pressa. Não há previsão de término.” – contou.

Manoel Marinho disse também ao Blog Ponto de Ônibus que a MobiBrasil estuda a colocação de ônibus elétricos a bateria ou elétricos híbridos.

A MobiBrasil tem 440 ônibus na capital paulista, que atendem 43 linhas transportando 400 mil passageiros por dia, contando com a demanda da cidade vizinha, Diadema, no ABC Paulista.

Os ônibus movidos a etanol foram uma das grandes promessas para a cidade de São Paulo, quando em fevereiro de 2011, foi lançada a chamada Ecofrota, que contempla veículos menos poluentes.  Nesse mesmo ano de 2011, um lote de 40 ônibus a etanol foi apresentado na cidade de São Paulo pela Mobibrasil, que começou a operar na capital no ano de 2008 com o nome de Vim – Viação Metropolitana.

No dia 20 de janeiro de 2012, a Prefeitura de São Paulo anunciou a colocação de mais 20 veículos a etanol.

A Ecofrota foi lançada para atender a lei 14.933, de 05 de junho de 2009, também chamada de Lei de Mudanças Climáticas.

Um dos pontos da Lei de Mudanças Climáticas determinou que a partir de 2009, 10% da frota de ônibus de São Paulo seriam trocados anualmente até que em 2018, nenhum ônibus que dependesse de combustíveis fósseis estaria circulando na capital paulista.

Hoje o próprio secretário Municipal de Transportes, Jilmar Tatto, diz que o cumprimento da lei deve ser impossível. A licitação dos transportes na cidade, que vai reformular o serviço pelos próximos 20 anos, com os contratos podendo ser renovados por mais de 20 anos, não prevê um cronograma claro para uma substituição de veículos que atenda a esta lei

O número de ônibus da Ecofrota, desde quando foi lançada até agora, diminuiu 64%. Em 2011, havia 1 mil 561 ônibus menos poluentes. A quantidade maior foi em 2013, com 1 mil 846 veículos.

Hoje são apenas 656 ônibus, sendo que 395 operam com 10% de diesel de cana de açúcar na mistura do combustível, 60 se movem com etanol e 201 são trólebus.

Há um ônibus totalmente elétrico movido a baterias de 12 metros de comprimento rodando entre a zona leste de São Paulo e o centro pela empresa Ambiental Transportes e, em fevereiro de 2016, outro veículo desse tipo, só que com 15 metros de comprimento, deve circular pelas ruas da capital de São Paulo.

O secretário Municipal de Transportes, Jilmar Tatto, disse neste ano que não há nem combustíveis alternativos e nem uma produção de veículos em escala que possam atender a quantidade de ônibus necessária para o sistema de São Paulo, que não dependam de diesel.

No mercado hoje no Brasil, existem algumas opções. Além do próprio etanol, tecnologia hoje da Scania, há ônibus elétricos, elétricos-híbridos e trólebus fabricados pela Eletra, empresa nacional instalada em São Bernardo do Campo. Ônibus elétricos a bateria da chinesa BYD, que se instalou em Campinas, no interior de São Paulo, estão entre os mais cotados para serem adotados em São Paulo.

A Amyris do Brasil e a Mercedes Benz desenvolveram o diesel de cana de açúcar, que é diferente etanol, tendo propriedades de combustão semelhantes ao óleo diesel comum. Segundo a Mercedes-Benz, tecnicamente hoje seria possível abastecer um ônibus somente com este combustível. O biocombustível misturado ao óleo diesel também é uma opção, que pode ter a proporção ampliada.

A Scania testou em São Paulo um modelo movido a gás natural, que já é fabricado e opera na Europa e deve ser feito no Brasil também. Entre os anos de 1980 e 1990, os ônibus a gás natural foram marcantes na cidade, mas a continuidade não foi possível por problemas técnicos na ocasião.

A Volvo do Brasil produz desde 2012, na planta de Curitiba, Paraná, um modelo de ônibus elétrico híbrido que possui dois motores, um que opera com combustível e outros com energia elétrica.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Rubens Segura disse:

    Com qual garantia este empresário está fazendo estas adaptações? eles não vai concorrer a licitação? e se perder como ficará seu investimento??Ou ele já ganhou e não nada pra ninguém?? Será que de novo são cartas marcadas??

  2. Não entendo de motorização, mas sei que motores a álcool são mais fortes em potência, porém consomem mais combustível.

    Uma coisa que poderia ser estudada é o uso do álcool como combustível para motores tipo “híbrido” ou “moto-elétrico” (onde o motor é o gerador elétrico, como alguns Volvos). Isso seria uma medida interessante.

    Uma grande pena foi os ônibus a hidrogênio terem pego fogo. Isso daria uma matéria interessante a propósito.

  3. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite.

    Adamo, excelente matéria, parabéns.

    Agora pudemos conhecer, na prática, um posicionamento real sobre um dos tipos
    de buzão verde; e o principal é que a informação veio de uma Viação que opera
    o buzão no dia a dia.

    Desejo sucesso nesses aprimoramentos.

    Att,

    Paulo Gil

  4. Juan Renald disse:

    precisaria tudo isso se a Mobiboltil começasse a cuidar bem dos ônibus dela? Veja que até os Millennium BRT estão surradinhos já, os New Mondego BRT nem se fala, os Millennium 2 dela e os ex vip jabaquara estão um lixo, os Apache vip 1, 2 e os 3 ex vip também

  5. Higor disse:

    A Mobibrasil, peca muito na manutenção, os Scanias da Tupi estão inteirões, já os delas tudo detonado, fora os outros, tem ônibus que não tem mais condições de rodar demorou anos pra começar a comprar ônibus novo, antes só vip II, assumiu as linhas e o carros da Vip com uma idade mediana mas conservados, agora todos em péssima conservação, a empresa tem que rever alguns conceitos, ontem peguei os novos com ar-condicionado, as janelas todas abertas, e o ar ligado sei que os passageiros tem culpa nesse sentindo, mas cadê as travas da janela, parece que não esta nem ai com o patrimônio.

  6. Veremos ate quando a desculpa.

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