Produção de ônibus já acumula queda de 33%

ÔNIBUS

Indústria de ônibus registra queda acumulada de produção reflexo da situação das contas públicas e do nível de investimento de outros setores. Segmento de ônibus rodoviário é o que está melhor. Foto: Adamo Bazani

Pior cenário continua com os veículos urbanos, cujo declínio de janeiro a setembro foi de 40%

ADAMO BAZANI

A crise econômica que reduz os investimentos e causa restrições de orçamento público traz impactos ainda maiores para diversos setores que dependem de aportes da iniciativa privada e de verbas públicas, como os transportes coletivos. Obras de mobilidade não avançam, o desemprego reduz a demanda de passageiros e os frotistas, em meio a incertezas, investem menos, inclusive atrasando a renovação dos ônibus.

De acordo com a Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, em balanço divulgado nesta terça-feira, 06 de outubro de 2015, a produção de chassis registra uma queda de 33,1% entre janeiro e setembro deste ano na comparação com o mesmo período de 2014.

Foram 27 mil 794 chassis de ônibus nos nove primeiros meses de 2014 ante 18 mil 607 unidades de janeiro a setembro deste ano.

O segmento de urbanos continua registrando o pior cenário: queda de 40,9% com 13 mil 578 chassis para esta aplicação entre janeiro e setembro. A queda na demanda de passageiros por causa do desemprego, dificuldades de realização de licitações, financiamentos de gratuidades de passagens causando divisões entre poder público e retração de investimentos em obras de mobilidade ajudam a entender o quadro dos ônibus urbanos.

Já o segmento de rodoviários vive uma realidade diferente, não para grandes comemorações, mas não se pode desprezar números positivos na atual conjuntura. A alta no acumulado de produção é de 4,5% com 5 mil 29 ônibus para esta aplicação.

As definições sobre o modelo de autorizações de linhas rodoviárias interestaduais da ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres e a renovação natural de frota, já que muitos rodoviários circulam com idade alta, podem explicar o número positivo.

LICENCIAMENTOS E MARCAS:

Os licenciamentos de ônibus, tanto urbanos como rodoviários, acompanham os números de produção segundo a Anfavea. A queda entre janeiro e setembro de 2015 foi de 31,2% na comparação com igual período do ano passado. Foram licenciados, segundo a Anfavea, no acumulado de nove meses em 2015, 13 mil 719 ônibus.
O ranking das marcas no acumulado de 2015 até agora é o seguinte:

1º) Mercedes-Benz –  6.877 unidades, queda de 22,9% de janeiro a setembro.

2º) MAN – Volkswagen Caminhões e Ônibus – 2.997 unidades, queda de 42% de janeiro a setembro.

3º) Agrale – contando com os miniônibus Volare: 1.870 unidades, queda de 45, 5% de janeiro a setembro.

4º) Iveco – contando com os miniônibus CityClass – 986 unidades, alta de 130,9% de janeiro a setembro.

5º) Volvo – 665 unidades, queda de 46,5% de janeiro a setembro.

6º) Scania – 288 unidades, queda de 59,8% de janeiro a setembro.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Fábio Braga disse:

    Situação difícil do setor,e o governo ainda fica aumentando gratuidade aos passageiros,a util anda comprando onibus toco com 46 e 50 lugares para compensar despesas.Sabemos que os empresários de onibus são milionários,mais a crise anda afetando o setor,empresas tradicionais devem falir em breve e outras bem administradas e com caixa reserva devem aumentar atuação,setor aéreo tambem não está bem das pernas,no mundo da busologia estamos tendo anos de tragedias como extinção de nomes como itapemirim e são geraldo e pluma,pinturas tradicionais sumindo e grupos padronizando pinturas básicas de mobilidade e infelizmente se vai perdendo a graça,alem da crise padronizações e monopolio,muito triste……saudades de antigamente,dava gosto de ver onibus com cores marcantes e motorista com orgulho de trabalhar nestas empresas,hoje a ganancia veem destruindo o ser humano.

    1. A gratuidade é parte social do transporte. Transporte não deveria ser entendido apenas como negócio, mas como algo social também. O mal aqui é que não existe uma discussão inteligente de como fazer os preços do transporte serem baixos, sendo que há carga tributária e tudo mais…

      Empresários enriquecem por ganância, não por inteligência.

    2. Zé Tros disse:

      E o pior Fábio é que uma coisa puxa a outra: a queda na produção de chassis, afeta diretamente a produção de carrocerias, de pneus, de peças, etc..e termina no cliente final que ´o passageiro. Como vc citou aí e eu vi a foto do veículo da Util, realmente ficou demasiadamente complicado.

  2. Deveria ser entendido que este tipo de produção é sazonal. Produção de ônibus só ocorre mais quando há troca de frota ou entrada de novas empresas.

    E em tempos de recessão, dúvidas sobre licitações, problemas de orçamentos e tudo mais, além do fato que não faz muitos anos que muitas frotas se atualizaram (Devido as exigências para atendimento de deficientes) é difícil ver uma nova produção.

    Por um outro lado até é bom isso. Caso alguém das empresas costuma ler esta área de comentários, fica uma sugestão: avaliem já aproveitar que a produção está baixa, e já pensem na próxima geração de veículos de forma a atender as novas normas ambientais e de serviços.

    Já temos três empresas produzindo bases para veículos elétricos e hibridos – Volvo, BYD e Eletra. Tá certo que é época de recessão, mas um veículo que tenha custos baixos de rodagem, aliado a novas exigências, isso seria bem reconhecido e recompensado.

    1. Zé Tros disse:

      Mas é exatamante esse o problema Vagner, a troca da frota. Sem uma recessão, as empresas costumavam trocar suas frotas mais constantemente e revendiam seus ônibus ainda seminovos. Consequentemennte se produzia mais chassis.

      Na situação atual, as empresas tem segurado a renovação de suas frotas, devido aos juros altíssimos, incerteza no processo de licitação, etc. Com isso a p´rodução de chassis e carrocerias tem caído bastante.

      E isso vem acontecido com os egmento de caminhões e carros de passeio tbm. Está tudo encalhado nos pátios das montadoras.

      1. Só que a recessão aconteceu justamente porque houve mais compra de coisas grandes, ao invés de pequenas reformas no que já tem.

        Esse é o mal. Pensar que “vender ônibus” ajuda esquece do detalhe que isso é dinheiro, que é revertido nas passagens.

        Não adianta comprar ônibus novo e não cuidar. Não adianta ficar trocando de ônibus (ou caminhão) direto. O que seria ideal é que a economia preveja grandes atitudes (como a aquisição de ônibus) e as pequenas atitudes (manutenção, etc..). E o giro seja assim: produza-se para manter as pequenas atitudes, e nisso gera o básico, e a cada período, que se produza para as grandes atitudes (A troca de frota, reposição de veículos, etc…).

        Quanto mais produz, mais vai encalhar. Tem que se repensar a economia, e é o que muitos fazem ultimamente ;)

      2. Zé Tros disse:

        Respeito sua opinião, mas eu não vejo assim não. Vender ônibus ajuda, pq vc envolve várias outras fábricas que produzem peças, freios, embreagem, câmbios, eixos, chapas de aço, pneus, borrachas diversas, vidros, plásticos, espumas, carrocerias, etc. Quando a produção de chassis diminui ou pára, ocorre o efeito cascata.

        Cuidar da frota hoje é essencial para uma boa prestação de serviço, principalmente com a cocnorrência com os aviões em algumas linhas. Por isso mesmo que as grandes empresas renovam sua frota constantemente, para manter uma frota sempre nova e moderna, sem gastos com manutenção e serve como atrativo para o cliente final. Além disso, vendendo um veículo seminovo, as empresas conseguem um valor de revenda maior e as empresas menores que os compram mantém uma frota nova com um custo menor do que se fosse comprar veículo zero km financiado com juros altíssimos.

        E a produção está encalhando exatamente porque as empresas estão segurando ou diminuindo as compras Numa situação de economia favorável, a produção não encalha.

  3. João Ayrton Lambiase disse:

    Honestamente, não consigo entender, queda na venda de onibus, só que, eu passo pela Avenida 31 de Março, aqui em S, Bernardo onde está ´ a fabrica da Mercedes, o patio está entupido de chassi para onibus e lotado de caminhões.

    1. Zé Tros disse:

      Mas é isso João, o pátio está entupido pq as empresas não estão segurando até onde podem a renovação das frotas, seja de ônibus ou de caminhões.

      O pátio da Ford, aqui na Bahia, tbm está assim, lotado de carros.

    2. Zé Tros disse:

      Correção:porque as empresas estão segurando até onde podem a renovação das frotas.

      Saiu um “não” a mais na frase, rs.

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