Mercedes-Benz diz que vai demitir 1,5 mil trabalhadores de São Bernardo do Campo
Publicado em: 24 de agosto de 2015
Greve em montadora de ônibus e caminhões foi iniciada nesta segunda-feira
ADAMO BAZANI
Após mistérios sobre o número de pessoas que devem perder o emprego na planta da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista a partir de 1º de setembro de 2015, a fabricante de ônibus e caminhões confirmou nesta tarde que vai demitir aproximadamente 1,5 mil trabalhadores da unidade, a principal da marca alemã no País.
Por causa das demissões e pelo não avanço das negociações entre trabalhadores e empresa, os operários decidiram na manhã desta segunda-feira entrar em greve por tempo indeterminado.
A Mercedes-Benz diz que a planta, hoje com 10 mil trabalhadores, possui um excedente de 2 mil operários. A fabricante ainda vai manter 500 empregados caso os cortes aconteçam a partir de 1º de setembro.
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC classificou de “arbitrária e intransigente” a postura da fabricante de veículos pesados.
Em nota, a Mercedes-Benz informou que tentou todas as possibilidades para evitar as demissões, como redução dos dias trabalhados por determinados períodos, férias coletivas, lay-off (suspensão temporária de contrato de trabalho) e abertura de PDV – Programa de Demissão Voluntária.
Na metade do ano, a Mercedes-Benz afastou quase 500 trabalhadores dos seus quadros, sendo 250 desligados definitivamente e outros 215 colocados em lay-off.
A Mercedes-Benz ainda afirmou que diante da crise econômica brasileira são necessários “sacrifícios mútuos”, uma indireta ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC que não aceitou a adesão ao PPE – Programa de Proteção ao Emprego, solução paliativa do Governo Federal para evitar mais cortes de postos de trabalho no atual momento de retração da economia.
Os trabalhadores aceitariam a proposta de redução dos salários e da jornada, mas não concordaram em vincular o PPE à restrição de aumento nos vencimentos de 2016 à correção pela inflação ou mesmo a um índice inferior.
Em julho deste ano, antes mesmo do lançamento do PPE, a Mercedes-Benz propôs redução de jornada de trabalho em 20% ante uma diminuição de 10% dos salários. Na ocasião, 74% dos trabalhadores rejeitaram a proposta.
O PPE permite redução de até 30% dos salários e jornada de trabalho, conforme convenção coletiva. O FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador complementa até 15% na folha de pagamento. No entanto, este complemento está limitado a 65% do teto do seguro-desemprego para cada trabalhador. Hoje o maior valor do seguro-desemprego é de R$ 1 mil 385,91, sendo assim, o máximo a ser complementado em cada salário do trabalhador cuja empresa aderiu ao PPE é de R$ 900,84.
Na vigência do PPE, o trabalhador não pode ser demitido. Após o término, a estabilidade é de um terço do tempo que a empresa aderiu ao programa. Por exemplo, se o PPE foi de 6 meses, quando terminar, o trabalhador só terá mais 2 meses de estabilidade.
O PPE tem limite de 6 meses e pode ser prorrogado por igual período, totalizando um ano.
As empresas em conjunto com os trabalhadores podem aderir até o dia 31 de dezembro de 2015 e o prazo de último dia do PPE é 31 de dezembro de 2016.
O programa não é destinado a setores e categorias, mas a empresas e trabalhadores específicos. Assim, por exemplo, se houver PPE na Mercedes-Benz, não significa que a Scania, Volvo e MAN poderão aderir. Com os trabalhadores é a mesma situação: o plano pode ser para os metalúrgicos da marca, mas não necessariamente para todos os metalúrgicos.
Para ter acesso ao PPE, a empresa deve demonstrar situação financeira que pode colocar os empregos em risco por causa da conjuntura econômica do País e não por questões específicas.
Uma das críticas que se faz ao PPE é que, além de ele ser uma medida emergencial para corrigir erros cometidos pelo próprio governo federal, na prática, o programa acaba beneficiando apenas grandes empresas.
Companhias de menor porte, por exemplo, dificilmente vão conseguir apoio e são justamente as médias, pequenas e micro-empresas que mais geram postos de trabalho e mais sentem a crise econômica.
De acordo com dados da Anfavea- Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores no acumulado entre janeiro e julho deste ano, a queda na produção geral de veículos foi de 18,1% em relação ao mesmo período de 2014. Os segmentos de comerciais pesados ainda são os mais afetados já que refletem a situação de outros setores e dos cofres públicos que financiam obras de mobilidade urbana. A produção de ônibus teve retração de 28,9% e a de caminhões registrou desempenho pior ainda, de 45,4%.
A queda de licenciamentos de ônibus Mercedes-Benz foi de 15,2%. Em relação aos caminhões da marca alemã, o quadro é o seguinte: -15,1% para semileves, -28,8% para leves, – 19% para médios, -37,4% para semipesados, – 61,6% para pesados.
Os números da Mercedes-Benz não chegam a ser os piores entre as marcas. No segmento de ônibus, a Scania teve queda de 73,7% nos licenciamentos e, entre os caminhões pesados, por exemplo, a Ford teve baixa de 64% entre janeiro e julho deste ano em comparação com igual período de 2014, de acordo com os dados da Anfavea.
CRISE ATRÁS DE CRISE:
O desempenho dos segmentos de ônibus e caminhões é considerado um termômetro da situação dos demais setores, demonstrando a disposição de investimentos no País e as perspectivas de crescimento e retração.
Isso porque, os ônibus e caminhões são bens de capital ou bens intermediários, ou seja, são veículos usados para a concretização de outros negócios. É diferente dos carros de passeio que são indicadores do nível de consumo das famílias brasileiras.
Por exemplo, se há desemprego e queda nos deslocamentos de mão de obra de vários setores, cai o total de trabalhadores que seriam transportados pelas empresas urbanas, metropolitanas e de fretamento contínuo. Assim, haverá menor renovação de frota de ônibus.
Se há crise e os cofres públicos estão abalados, que é o que ocorre no País, o poder público vai ter menos caixa para financiar e tocar as obras de mobilidade urbana. Prova disso são os cortes dentro do ajuste fiscal e os atrasos de liberação dos recursos do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento. Com isso, menos ônibus novos serão comprados.
Com o desemprego, alta nos preços de produtos e serviços essenciais, além do achatamento dos ganhos da família, o brasileiro terá de cortar gastos. Um deles é em viagens, impactando a demanda de ônibus rodoviários e de fretamento para turismo.
Com os transportes de cargas, a situação é mais evidente ainda.
Com menos produtos sendo fabricados e vendidos, diversos setores vão reduzir as encomendas e os serviços de entrega, havendo uma necessidade de menos caminhões e diminuindo os ganhos das transportadoras que não vão comprar veículos novos.
O mesmo se aplica à construção civil, tanto para obras particulares como públicas: Menos obras e menos caminhões para estes setores.
Desde 2013, por causa da situação do País e por problemas específicos, os segmentos de ônibus e caminhões registram quedas nas vendas e produção. É desde este ano que a Mercedes-Benz já cortou 3 mil trabalhadores aproximadamente. Hoje a empresa possui no Brasil, entre as unidades de São Bernardo do Campo, Campinas e Juiz de Fora, 11 mil 800 trabalhadores.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
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Porque não aceitaram a proposta da montadora de julho deste ano????, foram atras dos sindicatos CUT e CGT que só sabem jogar os empresários contra opinião publica quando lhes convêm e ainda apoiam um governo corrupto que e o maior culpado desta crise. Seria melhor perder 10% do salario , diminuir jornada de trabalho e manter o emprego mais este bando de COMUNISTAS que controlam os sindicatos não pensam assim.
Concordo 110 % com você.
Garanto que 90% desse pessoal que esta na corda bamba, votou no lula e na Dilma, entao, aguenta, que corre por gosto n’ao se cansa. Poem o pt mais 12 anos la em cima.
Amigos, boa noite.
OK, mas se a MBB esta assim, e a pequena empresa
Ta na hora de mudar o disco.
Que protecao e preocupacao e essa
To num teclado desconfigurado desculpem.
Tem um lugar no DF que tem de demitir em massa e por justa causa,
sem direito a aposentadoria nem do INSS e muito menos especial.
Att,
Paulo Gil
Att,
Paulo Gil