ABC virou CAMPO DE GUERRA

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Logo no início da noite, os transportes na cidade começaram a parar. O Terminal Central de Ônibus de Mauá foi fechado e os passageiros desembarcavam do lado de fora. Foto: Adamo Bazani

MANIFESTAÇÕES: O ABC VIROU CAMPO DE GUERRA
Manifestantes, pedestres e policiais ficaram feridos, lojas foram saqueadas e transportes foram prejudicados. Mauá registrou as maiores cenas de violência
ADAMO BAZANI – CBN
O que era para ser uma série de atos em prol da cidadania e da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos acabou virando cenas de destruição, vandalismo e violência, no ABC Paulista.
Em toda a região, de acordo com a Polícia Militar, 42 mil pessoas participaram das manifestações pela redução das tarifas de ônibus e por questões políticas e sociais, como mais investimentos em educação, saúde, mobilidade urbana, contra a homofobia e a PEC 37, que pode tirar o poder de investigação do Ministério Público
Segundo a PM, 30 mil pessoas se concentraram em Santo André, 5 mil pessoas em Mauá, 3 mil pessoas em Diadema, 3 mil pessoas em Ribeirão Pires e 1 mil em São Bernardo do Campo.
Uma das cidades onde ocorreram as situações mais graves foi Mauá.
Por determinação da Prefeitura e orientação da Polícia Militar, o Terminal Central de Ônibus foi fechado logo no início da noite.
Os passageiros que chegavam dos bairros para o centro desembarcavam do lado de fora.
Por questões de segurança e por determinação das autoridades de municipais e da Polícia Militar, as duas empresas de ônibus, Viação Cidade de Mauá e Leblon Transporte de Passageiros recolheram os veículos.
Quem vinha pelos trens da CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos não tinha como chegar em casa depois de ônibus municipal.
Mas enquanto a manifestação era pacífica, mesmo cansados, alguns passageiros apoiavam a ação popular.
Foi o caso de Emília Juntini. Ela mora no bairro Sampaio Vidal. O trajeto de ônibus é de cerca de 25 minutos. Quando ela chegou ao terminal, não havia nenhum veículo de transporte coletivo.
Sentada num dos bancos de concreto da estação, ela não reclamava.
“Acho que está na hora de a população fazer alguma coisa. Não dá mais para suportar tanta corrupção, tanta coisa errada neste país. Se for preciso, fico até de madrugada para esperar o ônibus. O que não pode ter é violência”.

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Lojas na Avenida Barão de Mauá, no centro da cidade, tiveram as fachadas destruídas e foram saqueadas. Foto: Adamo Bazani.

Mas a violência foi o que se destacou em Mauá.
Diversas lojas nas proximidades do Terminal de Ônibus tiveram as portas danificadas e foram saqueadas . Lixeiras, canteiros e até postes de iluminação foram destruídos.
As alças de acesso ao Rodoanel Mário Covas foram fechadas.
O tenente coronel Carlos Alberto do 30º Batalhão de Polícia Militar de Mauá, disse que o tumulto começou quando um grupo de manifestantes tentou invadir a prefeitura, quebrando as grades que cercam o Paço Municipal.
“A manifestação estava tranquila, cerca de 5 mil pessoas participaram. O início foi no Terminal de Ônibus, os manifestantes fizeram uma série de caminhadas pelas ruas aqui do centro, sem arruaça até então, passaram pelo Paço Municipal, foram até o rodoanel e resolveram bloquear o rodoanel. Até aí, tudo bem, a gente só acompanhou. As arruaças que começaram a acontecer foi quando eles tentaram invadir o Paço Municipal, quebraram as grades do Paço Municipal e tentaram invadir. Lançaram bastante pedra contra a tropa, com isso nós tivemos de dispersar, de fazer utilização de munição química” – explicou o tenente coronel Carlos Alberto, do 30 º Batalhão de Polícia Militar, em Mauá.
Segundo o oficial, policiais militares, manifestantes e pessoas que não tinham nenhuma relação com os protestos foram feridos. Houve também detenções.

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Terminal de ônibus de Mauá vazio. Cidade ficou sem transportes. Foto: Adamo Bazani

Em nota oficial, a prefeitura de Mauá criticou as ações de vandalismo:

“Aproximadamente três mil pessoas participaram do movimento. Eles se reuniram na área central dacidade por volta das 15h. O movimento passou em frente ao prédio da Prefeitura gritando palavras de ordem e se dirigiu para o Rodoanel Sul, onde impediu o tráfego de veículos até por volta das 20h.

Às 19h30, enquanto um grupo permanecia no Rodoanel, aproximadamente duas mil pessoas tomaram a avenida João Ramalho em frente ao Paço Municipal. Parte do grupo iniciou atos de vandalismo, derrubou um dos portões que dão acesso ao Paço, quebrou as grades, pontos de ônibus, iluminação pública e um carro oficial. Parte do grupo começou a invasão pelo estacionamento na frente da Prefeitura, o que obrigou a Polícia Militar a realizar a dispersão utilizando bombas de efeito moral.

O Rodoanel foi liberado por volta de 20h30.

Parte dos manifestantes se dirigiu ao centro da cidade, onde promoveu saques, depredações e mais atos de vandalismo, que foram inibidos pelas forças de segurança. Segundo dados da prefeitura, houve destruição no prédio que abriga a secretaria municipal de Educação e no Terminal Rodoviário Central. Várias lojas foram invadidas e saqueadas.

O serviço de saúde registrou três atendimentos, de um adolescente e dois adultos, feridos em conflito entre os próprios participantes da manifestação. A administração municipal apoia manifestação pacífica, o que fortalece a democracia, mas não coaduna com atos que provoquem prejuízos ao patrimônio público e ao cidadão.”

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Até poste de iluminação da Praça 22 de Novembro,e m frente ao Terminal Central de Ônibus de Mauá, foi destruído. Foto: Adamo Bazani

Em Santo André, o local onde foi reunido o maior número de pessoas, também houve tumulto.
Os manifestantes fizeram passeatas por vias importantes da cidade, como Avenida Dom Pedro II, Avenida Industrial, Rua Siqueira Campos, Rua Luiz Pinto Fláquer, Viaduto Acisa, Rua Itambé, Rua Catequese, entre outras.
Quando parte do grupo tentou bloquear a Avenida dos Estados, a Polícia Militar dispersou os manifestantes com balas de borracha. Houve confronto também nas proximidades da Estação da CPTM. A situação ficou bastante tensa.
Em São Bernardo do Campo houve dificuldades para os passageiros de ônibus municipais da SBCTrans, de ônibus intermunicipais e dos trólebus e ônibus do Corredor Metropolitano ABD, operado pela Metra.
A rodovia Anchieta foi bloqueada, em São Bernardo do Campo.
Em Diadema, houve o bloqueio da rodovia dos Imigrantes.
O Terminal Metropolitano de Diadema, que reúne linhas de ônibus municipais, linhas de ônibus intermunicipais e linhas de ônibus e trólebus da Metra, ficou fechado durante toda a noite por questões de segurança.
Os cerca de 3 mil manifestantes, segundo a Polícia Militar, interditaram vias importantes da cidade, como a Avenida Fábio Eduardo Ramos Esquível.
O grupo reivindicava a redução das tarifas do corredor ABC para R$ 3,10 e a retirada das catracas do Terminal Metropolitano de Diadema e Terminal Metropolitano de Piraporinha para que a integração entre os ônibus municipais da MobiBrasil e Benfica com os serviços da Metra continue gratuita. Judicialmente, o Estado de São Paulo já poderia cobrar a integração, mas peocura um acordo com a Prefeitura de Diadema após as análises de um estudo de pesquisa de origem e destino.
Na cidade, as fachadas de lojas foram danificadas.

PASSAGENS DE ÔNIBUS NO ABC SERÃO REDUZIDAS:

Os prefeitos da região, pelo Consórcio Intermunicipal do ABC, anunciaram na quinta-feira que as tarifas de ônibus serão reduzidas em 1º de julho.
As cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires que cobram R$ 3,20 terão passagens no valor de R$ 3,00 para se equipararem com o preço da Capital Paulista. Em Rio Grande da Serra, a tarifa vai de R$ 3,00 para R$ 2,90.
Após a desoneração do PIS/Cofins sobre as receitas das empresas de transportes, também para se equipararem à Capital, as cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Mauá e Ribeirão Pires passaram em 15 de junho as tarifas de R$ 3,30 para R$ 3,20.
Agora para chegar aos R$ 3,00, alguns municípios vão aumentar os subsídios, como São Bernardo do Campo que já paga por ano R$ 30 milhões à SBCTrans, que agora deve receber mais R$ 13,8 milhões. Em Santo André, as empresas Viação Guaianazes, Viação Curuçá, Viação Vaz, Transportes Coletivos Parque das Nações – TCPN, ETURSA – Empresa de Transportes Rodoviários Urbanos de Santo André, EUSA – Empresa Urbana Santo André e Expresso Guarará devem receber cerca de R$ 10 milhões anuais, além de R$ 1 milhão pelo Bilhete Único de Santo André.
Em Mauá. A Viação Cidade de Mauá e a Leblon Transporte de Passageiros não recebem subsídios. As empresas não se opõem à redução nas tarifas, mas devem negociar formas de reduzir os impactos da arrecadação menor. Uma destas formas é a desoneração do ISS – Imposto sobre Serviços, que é um tributo municipal.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. elisete disse:

    pior as manifestaçoes ta virando piada nacional,pq ja ta virando bagunça.

  2. jane disse:

    Lamentável ver essas cenas de vandalismo na Cidade que faço parte..

  3. milene disse:

    eu quero ver essa manifestação na URNA.

  4. Marcos Soares disse:

    O desprefeito não tem que chamar ninguém de vândalo , vândalo é ele que não faz nada , e não me venha dizer que é pouco tempo , afinal quem era o desprefeito , se ele não sabe era o sr. osvaldo ,portanto viva a manifestação e espero por outras , queremos o Nardini de volta , a tal upa é uma enganação , valorizar o professor , e colocar funcionário capacitado pra trabalhar , até onde eu sei a mobilidade urbana virou cabide de emprego com pessoas ináptas para o serviço , não se esqueçam daquela médica que desabafou num hospital toda a angustia , de querer trabalhar e o pais não dá condição , dá enganação , igual ontem a d. Dilma falando besteiras , parecia campanha política antes da hora , prometendo mundos e fundos , tudo mentira , ela e o desprefeito de Mauá são tudo farinha do mesmo saco…

  5. urbanomen disse:

    moro em Santo André a 31 anos e por ter a maioria dos meus parentes morando em Mauá visito com frequência a cidade desde pequeno e quando acontecia qualquer coisa que prejudicava as pessoas momentaneamente principalmente nos ônibus eu ouvia algumas vozes dizendo assim, “tem que tocar fogo nessa merda”, muitas vezes nem sabiam oq tava acontecendo ao certo…mas essas vozes ecoavam entre as pessoas. Reclamam da falta de ônibus e põe fogo nos mesmos…que loucos!!! Mauá é carente de muitas coisas…concordo…houve progresso em outras…tbm concordo…, mas não é com arruaça e vandalismo e crimes contra propiedades públicas e privadas que se conquista as coisas!!! Pra esse tipo de pessoa sem noção ou até com noção demais ( criminosa ) apóio a pm, tem que desçer o porrete mesmo e não dar mole não!!!

  6. Bia disse:

    Hoje vai ter manifestação em Maua denovo?Ouvi comentarios na rua de que teria apartir das 17:00 hrs

  7. Paulo Gil disse:

    Amigos, bom dia.

    Conforme consta no post acima.

    “Foi o caso de Emília Juntini. Ela mora no bairro Sampaio Vidal. O trajeto de ônibus é de cerca de 25 minutos. Quando ela chegou ao terminal, não havia nenhum veículo de transporte coletivo.
    Sentada num dos bancos de concreto da estação, ela não reclamava.
    “Acho que está na hora de a população fazer alguma coisa. Não dá mais para suportar tanta corrupção, tanta coisa errada neste país. Se for preciso, fico até de madrugada para esperar o ônibus. O que não pode ter é violência”.”

    PARABÉNS SENHORA EMÍLIA JUNTINI.

    Adamos por favor arruma o numero de passageiros transportados no ABCD paraque eu possa fazer aquela continha básica, para tirarmos a prova dos 9 quanto a esse valor de subsídio.

    Att,

    Paulo Gil

  8. Júlio disse:

    Mauá é um exemplo que sempre citamos dos aspectos positivos e negativos envolvidos nos transportes públicos… Quanto aos excessos acontecidos nas manifestações, surgem também de uma disposição de que todo o movimento não seja contemporizado ou cooptado… Esse temor do esvaizamento ou neutralização foi equivocadamente interpretado pela ideia de que partidos políticos e entidades organizadas não poderiam participar… Quando o mais certo deveria ser procurar esses canais para manter a cobrança e a reivindicações em um nível consistente… E se um equivoco conduz ao outro, alguns antipetistas quiseram aproveitar o descontrole para “rifar” a Dilma… Cada partido tem os seus problemas, cremos… E a crítica ao governo do PT deve existir… Mas daí a querer a cabeça da presidente é oportunismo demais… Não votamos nela, mas Dilma no poder é melhor do que um Berlusconi ou um Putin…

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