CRESCIMENTO DO SETOR AÉREO: AS EMPRESAS DE ÔNIBUS TENTAM REAGIR

ônibus rodoviário

Ônibus novos e confortáveis que oferecem muito mais espaço e bem estar que qualquer avião. Mas as estratégias das viações para conter a perda de passageiros para o avião não se limitam apenas a isso. Um melhor atendimento ao passageiro, parcelamento e desconto nas passagens e até vendas em faculdades e nas Casas Bahia são ações das empresas de ônibus frente ao setor aéreo. Foto: Adamo Bazani.

A Agência O Globo traz uma matéria com algumas empresas de ônibus sobre as estratégias do setor para recuperar parte dos passageiros perdidos para as companhias aéreas em trajetos acima de 75 quilômetros.
Estas estratégias não se limitam apenas à compra de veículos novos, embora que a ação faz parte dos planos para atrair os passageiros. Passagens vendidas pela internet, com desconto e parceladas e até comercialização em bilhetes em faculdades e lojas de varejo como as Casas Bahia fazem parte das ações. Foram ouvidas grande viações como Águia Branca, 1001 e Cometa, do Grupo JCA, e Itapemirim.
CONFIRA:

Numa tentativa de driblar a perda de clientes para as companhias aéreas, as empresas de ônibus estão se renovando. Já parcelam os bilhetes em até seis vezes, lançam programas de milhagem, oferecem tarifas diferenciadas para as poltronas e estão até implantando totens de autoatendimento para quem compra passagens pela internet, uma espécie de check-in antecipado. Além das novidades, algumas chegam a oferecer descontos de até 50% no valor das passagens, de olho nas classes D e E.

Nos últimos dois anos, o número de passageiros de ônibus que viajaram longas distâncias (acima de 75 quilômetros) caiu 9%, de quase 54 milhões em 2008 para 49 milhões em 2010, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). No mesmo período, o número dos que escolheram o avião para viajar pelo Brasil — a briga entre aéreas e ônibus se dá nos trajetos domésticos — saltou 39,4%, para 139,4 milhões, de acordo com a Infraero. Foram essas estatísticas discrepantes que fizeram as empresas de ônibus se mexer e inovar sua estratégia para atrair clientes.

A Viação 1001, do grupo JCA, iniciou em maio passado o parcelamento em até seis vezes sem juros no cartão de crédito e avalia estendê-lo até dez vezes, sem valor mínimo de compra. Até então, o cliente só podia dividir em três vezes com valor mínimo de R$ 100. A companhia também vai lançar no segundo semestre o programa Conta Giro, em que os passageiros acumulam pontos e podem trocá-los por bilhetes, uma espécie de programa de milhagem. A iniciativa, segundo o diretor-executivo da empresa, Heinz Wolfgang, visa especialmente às classes D e E, que não costumam ter cartão de crédito e já começam a viajar com a família de ônibus.

“Da mesma forma que a classe C galgou degraus e está viajando de avião, as classes D e E também estão estreando no ônibus nas viagens de férias”, disse o diretor.

As classes D e E também são o novo foco da Itapemirim, que tem apostado nos preços baixos para atrair a nova clientela. Até junho, a empresa oferecia desconto de até 45% em alguns trechos, como na rota Rio-São Paulo (R$ 99). Também elegeu alguns trajetos para oferecer tarifas promocionais a quem compra com antecedência, a exemplo do que fazem as companhias aéreas. Por exemplo, os seis primeiros que compraram assentos em cada um dos ônibus que partem do Rio para Vitória pagaram R$ 45 até o fim de junho. Os menos apressados (são 42 lugares em média nos ônibus) desembolsaram R$ 79 ou 83% mais. Estratégia semelhante deve ser adotada nos próximos meses.

“São estratégias como essas que têm nos permitido estabilizar o número de passageiros transportados em 3,5 milhões por ano”, diz o gerente nacional de vendas da Itapemirim, Emílio Mendes, frisando que, além das aéreas, os ônibus têm perdido clientes para o transporte pirata e para os automóveis particulares.

A capixaba Águia Branca igualmente entrou na guerra de preços. Entre as promoções que oferecia mês passado estava Vitória-Salvador (R$ 99, desconto de 50%). Se o passageiro optasse por encurtar a viagem e fazer o trajeto de avião, pagaria de R$ 169 a R$ 209 por perna para voar o mesmo trecho, segundo pesquisa feita pelo GLOBO nos sites das principais aéreas do país. A empresa também está reforçando as rotas em que não há concorrência aérea direta. Assim, espera elevar o faturamento este ano em 3%.

“Nas viagens de capital a capital, superior a mil quilômetros, o setor aéreo é mais competitivo. Isso porque os aeroportos costumam se localizar nas capitais e, por isso, o passageiro não precisa fazer outra viagem para chegar ao destino final. Caso contrário, o ônibus torna-se mais competitivo, devido à sua capilaridade”, avalia Paula Corrêa, diretora Comercial e de Marketing da Viação Águia Branca.

As empresas também estão renovando esforços para recuperar clientes que faziam o trecho Rio-São Paulo, uma turma que preferiu a rapidez e o conforto dos aviões e abandonou os ônibus. Na Viação 1001, por exemplo, nos quatro primeiros meses do ano houve perda de 4% no número de passageiros nessa rota.

Por isso, a companhia passou a oferecer mais uma facilidade a quem embarca na Rodoviária Novo Rio e na Rodoviária Tietê (SP): as chamadas salas net, em que os passageiros que compram pela internet retiram seus bilhetes sem enfrentar filas nos guichês. Também mantém cinco salas VIP em rodoviárias do Sudeste. Além disso, seus ônibus já estão equipados com tomadas, de modo que os passageiros possam recarregar laptops e outros eletrônicos durante a viagem.

A Viação Cometa, por sua vez, fechou parcerias há 15 dias com uma faculdade paulista para venda das passagens em duas de suas unidades. A exemplo do que vêm fazendo algumas aéreas, também mantém um canal de vendas em lojas de varejo, como na matriz da Casas Bahia, em São Caetano do Sul, e parcela o valor dos bilhetes em até seis vezes. Tem apostado ainda em ônibus mais modernos: investiu R$ 65 milhões este ano na aquisição de 128 carros para renovar a frota, de mil veículos.
Da Agência O Globo

Comentários

Comentários

  1. Gustavo Cunha disse:

    Boa tarde.
    Como de seu costume Adamo, matéria pontual, atual e interessante, meus parabéns !
    Ao longo de nossas vidas, muitos de nós, ouvimos e continuamos a ouvir nossos familiares, amigos dos nossos familiares, dizerem:
    “…a porque no meu tempo era assim”
    Da mesma forma, em muitas atividades profissionais, comerciais e industriais, o raciocínio também continua o mesmo. É bom, gostoso e gratificante relembrar, cultuar e se espelhar no que foi bem feito, no passado, mas, não devemos parar nele, devemos seguir adiante, o ontem já foi, o hoje daqui a pouco se acaba e o amanhã ainda vai surgir.
    Boas iniciativas, as das empresas citadas, contudo, ainda é pouco e muito há e sempre haverá a se fazer.
    É a dinâmica do empreendedorismo.
    Adamo ! Aguardo o seu retorno !!!
    Bom fim de domingo à todos.

  2. jair disse:

    Interessante é que acham dificuldade em pensar em um terceiro aeroporto internacional para S.Paulo e esquecem que São José dos Campos tem o aeroporto usado pela Embraer e por algumas linhas regionais, com pista capaz de receber os maiores aviões cargueiros do mundo, ligado a São Paulo capital por 2 grandes rodovias (que se interligam com a rod. D.Pedro no sentido interior) e com via ferrea de carga que anda em paralelo a rod. Carvalho Pinto.
    Faltando apenas vontade politica para tornar-se numa boa opção.

  3. Roberto SP disse:

    E de certo modo as empresas de ônibus terão que reagir mesmo, pois a Gol acaba de adiquirir a Webjet, pelo que li a intensão é de fato aumentar a participação dela no mercado e disputar com a TAM. Por outro lado especialistas apontam para o fato de a Gol ter comprado sua maior concorente em passagens aéreas mais baratas, ou seja, poderemos ter de volta o tempo em que voar era para poucos, visto que hoje temos um padrão de atendimento pifio nos aeroportos isso d certo modo fará com que muitos passageiros optem pelo ônibus. Comprar passagens parceladas no cartão é interessante, pois torna-se possível como o próprio texto diz planejar viajens com a familia para destinos turísticos e mesmo para visitar a família na terra natal. Eu partircurlarmente já estou começando pensar em viagens á destinos cujo os quais nunca fui, seja como for esperamos que isto realmente traga benefícios aos passageiros e que a licitação da ANTT ocorra o mais rapido possível.

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