História

METRA COMEMORA 14 ANOS DE OPERAÇÃO NO CORREDOR ABD

ônibus

A Metra completou no dia 24 de maio, 14 anos de operação no Corredor ABD e na mesma semana conquistou o primeiro lugar no IQT – Índice de Qualidade do Transporte da EMTU. Empresa, operadora do Corredor ABD evolui com o tempo e promete mais inovações em breve. Na imagem, um Caio Vitória Articulado Volvo B 58 dos anos de 1990 ao lado da nova geração de articulados que veio para o Corredor, composta de ônibus Caio Millennium II Mercedes Benz O 500 UA. Foto: Adamo Bazani.

Metra completa 14 anos de operação no Corredor ABD e recebe prêmio como melhor empresa de transporte metropolitano pela EMTU
Maria Beatriz Setti Braga, presidente da Metra, afirma que sucesso da empresa é fruto de trabalho e valorização do ser humano

ADAMO BAZANI – CBN

“Muito trabalho, muito empenho, muita luta. O sucesso é decorrente de tudo isso. Da luta do dia a dia, quando todos se unem em prol de um objetivo que é valorizar o ser humano”
É desta forma que a presidente da Metra – Sistema Metropolitano de Transportes Ltda, Maria Beatriz Setti Braga explica o conceito e a imagem que a companhia conquistou entre o poder público e a população.
Este trabalho desenvolvido em busca do constante aperfeiçoamento dos serviços rende diversos reconhecimentos, premiações e certificações.
Na última sexta-feira, dia 27 de maio de 2011, a Metra conquistou pelo segundo ano consecutivo o primeiro lugar no ranking do IQT – Índice de Qualidade do Transporte, da EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, gerenciadora dos sistemas de ônibus intermunicipais.
Para Maria Beatriz Setti Braga, mais que conquistar, o importante é manter a conquista e ampliar a qualidade.
“Por isso que sempre investimos em inovações. Em julho já devem circular os trólebus, totalmente ecológicos, no trecho do Corredor entre Piraporinha, em Diadema, e Jabaquara, na Zona Sul de São Paulo, que foi recentemente eletrificado. Vamos ter ônibus elétricos-híbridos de 15 metros, de 18 metros e em breve vai circular uma nova geração de trólebus com baterias que permitem que eles tenham autonomia de cerca de 3 quilômetros, caso haja uma queda ou problema na rede aérea de fornecimento” – revela Maria Beatriz Setti Braga.
Em 2008, a empresa conquistou o primeiro lugar no índice de satisfação do cliente, que compõe o IQT, em 2009 o IQT total e novamente em 2010.
O IQT é uma avaliação que a EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos realiza em todos os serviços de ônibus intermunicipais. Ele é obtido por apuração de critérios técnicos rigorosos e por pesquisas feitas com os passageiros. O IQT é formado por quatro sub-índices: IQC (Cliente), resultado de pesquisas de opinião de quem se utiliza dos ônibus, pontos e terminais, IQF (Frota) que avalia as condições das frotas e a manutenção dos ônibus, IQO (Operação) que verifica se os ônibus estão operando adequadamente e atendendo à população e IQE, índice que leva em conta a situação econômica e financeira de uma empresa, os investimentos, o endividamento, a lucratividade das linhas e a administração dos recursos, fatores que também são fundamentais para a qualidade geral da empresa, já que com as finanças comprometidas, a companhias podem colocar em risco a manutenção, renovação de frota, aumento de número de ônibus para a operação e até a limpeza dos veículos, tão importante e que também demanda recursos.
Na nota geral do IQT, a Metra recebeu 7,96.

PRÊMIO NA SEMANA DE ANIVERSÁRIO E HISTÓRIA:

A divulgação da conquista do primeiro lugar no IQT da EMTU ocorreu três dias depois que a Metra completou 14 anos de operação no Corredor ABD que liga São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, ao Jabaquara, na Zona Sul da Capital Paulista, em 33 quilômetros de extensão, servindo as cidades de Santo André, Mauá (Terminal Sônia Maria), São Bernardo do Campo e Diadema. Desde meados de 2010, também opera o Corredor Diadema – Berrini (zona Sul de São Paulo), com 12 quilômetros de trajeto.
A Metra é uma empresa formada por profissionais da área de transportes que começou a operar em 24 de maio de 1997.
Ela foi constituída justamente com o propósito de participar da licitação de concessão do Corredor ABD.
Foi a primeira concessão do setor de transportes metropolitanos do País.
Além de operar, foi atribuída à responsabilidade da Metra cuidar do corredor metropolitano e dos terminais.
Em 14 anos de operação, a empresa tem muita história de evolução, tanto em relação aos veículos, aos métodos operacionais e ao tratamento para com o passageiro, considerado pela Metra, na verdade, como cliente.
Quando assumiu as operações, a Metra adquiriu também a frota que antes era operada por empresas contratadas pela EMTU.
Eram ônibus muito bons e que em suas épocas representavam marcos na indústria de transportes coletivos.
Os veículos mais antigos eram os trólebus Cobrasma, com equipamentos eletrônicos Powertronics, fabricados em 1986 e 1988, que fizeram parte da inauguração do Corredor Metropolitano ABD.
Também havia os veículos Diesel Mafersa M – 210, motor Cummins, que seguiam as normas de padronização da época para conforto e segurança.
Um detalhe curioso é que estes ônibus agregavam tanto tecnologia para transportes urbanos sobre pneus mas traziam também muitas soluções da indústria ferroviária. Isso porque tanto a Cobrasma como a Mafersa eram empresas que fabricavam implementos e carros (vagões) para trens.
Além do trólebus Cobras e dos ônibus Mafersa, a Metra iniciou operando o modelo Caio Vitória Volvo B 58, que também eram de responsabilidade das prestadoras de serviços para a EMTU. Os primeiros veículos deste modelo eram do ano de 1990.
A qualidade destes veículos era destaque também para a época. Ele já contava co freios a ar, suspensão que oferecia mais conforto ao passageiro e motor no meio da carroceria, uma solução da Volvo, que amplia o espaço interno e diminuiu o calor e o ruído dentro do salão de passageiros emitidos pelo funcionamento do ônibus.

INVESTIMENTO COM RESPONSABILIDADE E RESPEITANDO O MEIO AMBIENTE:

trolebus

A Metra sempre esteve ciente de que o trólebus é o meio de transporte coletivo sobre pneus que não emite nenhum poluente e é economicamente viável. A empresa, além de desenvolver veículos próprios, pela Eletra, também revitalizou diversos ônibus elétricos que estavam encostados mas em plenas condições de operação. Exemplo é este modelo de Marcopolo Torino que iria servir o sistema de Belo Horizonte e acabou não sendo usado. Foto; Adamo Bazani

A Metra sabe que o trólebus é o meio de transporte sobre pneus mais viável economicamente e que garante inúmeros ganhos ambientais por ter emissão zero de poluentes.
Assim, a família Setti & Braga, principal controladora da Metra, começou a investir para a ampliação deste tipo de ônibus não só no Corredor ABD, mas também no Mundo.
Pela empresa Eletra, que existe há mais de 20 anos, são oferecidas soluções em transportes com tecnologia limpa, privilegiando o trólebus de rede aérea. Além de circularem pelo Corredor ABD, há ônibus com o sistema Eletra em diversos lugares do mundo, como em Rosário, na Argentina, e em Wellington, na Nova Zelândia.
O trólebus, além de não poluir, oferece outras vantagens: é mais silencioso, confortável, ideal para corredores exclusivos com bom pavimento, o que minimiza as quedas de pantórgrafos (alavancas) e pode durar até 3 vezes mais que um ônibus diesel convencional.
E a Metra, além de, pela Eletra desenvolver sistemas próprios, contribuiu para a longevidade do trólebus brasileiro ao aproveitar vários veículos que em plena vida útil estariam encostados em seus municípios originários.
Há dois exemplos clássicos de zelo para com o trólebus na história da Metra. São os Marcopolo Torino Geração 4 e Marcopolo Torino Geração V.
Entre 1986 e 1987 a Marcopolo encarroçou vários trólebus para o sistema chamado Metrobel, de Belo Horizonte. O projeto acabou não sendo realizado na Capital Mineira.
Os ônibus estavam perfeitos, mas encostados. A Metra viu que seria um desperdício veículos deste tipo estragarem com o tempo e adquiriu 22 unidades destes Marcopolo Torino Geração 4 chassi Volvo B 58, tração Gevisa, hoje com prefixos 7047 a 7068. Os ônibus foram revitalizados e prestam serviços com qualidade até hoje.
O mesmo ocorreu com 24 trólebus modelo de carroceria Marcopolo Geração V, . Eles chegaram a ser usados pela Eletrobus, concessionária da Capital Paulista, um tempo após a privatização da CMTC – Companhia Municipal de Transportes Coletivos.
Esses ônibus elétricos que estavam parados também foram revitalizados pela Metra e são aprovados pelos passageiros.
Surgia também no Corredor ABD a era dos trólebus articulados. Os Marcopolo Torino Geração V, Volvo B 10M, tração Toshiba, de prefixos 8101 a 8110 ofereciam o mesmo conforto dos trólebus convencionais mas para mais gente em uma só viagem.
O número de trólebus que era de 46 quando a Metra assumiu em 1997, por cumprimento de contrato, aumentou. São mais de 80 veículos elétricos e o número vai ser ampliado, como anunciou Maria Beatriz Setti Braga, presidente da Metra.
Ao longo dos 14 anos da Metra, vieram mais veículos elétricos novos, como os Busscar Urbanuss Pluss LF (Low Floor) trazendo para o ABC Paulista de forma inédita trólebus com piso baixo total, não havendo degraus em nenhuma das portas, tornando os veículos acessíveis para todos os públicos e incluindo os portadores de necessidades especiais.
Estes veículos com motor de tração Engesa, monoblocos Busscar, são considerados um dos mais confortáveis pelos passageiros.
Paralelamente a estas aquisições, a Eletra continuava a investir no desenvolvimento de novas tecnologias que tornassem os trólebus mais atraentes para o mercado.

trolebus

Modernização dos trólebus sempre foi uma meta em prol do meio ambiente do conforto do passageiro, segundo a Metra. Em 2009, a Eletra consegue colocar nas ruas um trólebus com mais de 10 anos de uso com o sistema de corrente contínua transformado em corrente alternada. Além de ganhos de economia e desempenho, este tipo de trólebus permite uso de eixo de tração e peças nacionais, o que deixa o preço final do veículo e os custos de manutenção mais baixos. Depois foram produzidos trólebus o km de corrente alternada. Foto: Adamo Bazani

Em 2009, a Eletra conseguiu transformar um Urbanuss Pluss LF, com mais de 10 anos de uso, que tinha sistema de corrente contínua para corrente alternada. Foi o trólebus de prefixo 7301, que ganhou uma adesivação especial
O sistema de corrente alternada oferece várias vantagens aos ônibus elétricos como em economia operacional e desempenho, Mas um dos maiores ganhos é que os trólebus de corrente alternada é que ele pode usar eixo de tração nacional, no caso desta unidade Mercedes Benz O 500 e peças também fabricadas no Brasil, o que barateia a aquisição e a manutenção dos trólebus no Brasil.
A partir de 2008, mais trólebus de corrente alternada, desta vez todos novos, começaram a fazer parte da frota do Corredor ABD. Tratam-se dos Caio Millennium II, Eletra /WEG, chassi O 500 U, da Mercedes Benz.

PIONEIRISMO EM OUTRAS TECNOLOGIAS:

primeiro ônibus híbrido

Além das pesquisas e desenvolvimentos de trólebus novos, a Metra e a Eletra, do mesmo grupo, investe em outros tipos de ônibus com tecnologia limpa. Segundo as empresas, este Marcopolo Viale, elétrico-híbrido, foi o primeiro modelo do mundo articulado a operar comercialmente no mundo. Ele iniciou os serviços em 1999. Foto: Adamo Bazani

Além do avanço do número e da qualidade dos trólebus, a Metra adotou uma política de investimento em outros ônibus ambientalmente amigáveis.
Um deles marcou o pioneirismo da empresa.
Desenvolvido de 1996, a Metra colocou em circulação no ano de 1999 , um ônibus elétrico híbrido, que funciona a diesel, no momento em que é ligado, nos arranques e em trechos de maior dificuldade, e a partir de 1800 rotações por minuto do motor, seu funcionamento era elétrico. A energia é armazenada em baterias e a própria operação do ônibus, com o funcionamento do motor e o processo de frenagem, gera a energia elétrica, sem necessidade de outras fontes externas.
De acordo com a Metra, este Marcopolo Viale Volvo B 10M foi o primeiro ônibus articulado híbrido a operar comercialmente no mundo.
Depois deste bem sucedido modelo, vieram outros híbridos, só que convencionais, como os carros de prefixo 6000 e 6001, chassi Mercedes Benz, carroceria Urbanuss Pluss.
O ônibus híbrido pode reduzir em mais de 90% alguns tipos de gases poluentes.
Entre 2007 e 2008, mais uma novidade no Corredor ABD. A Metra trazia à operação um ônibus movido a Etanol, o combustível tipicamente brasileiro.
O ônibus também pode reduzir em até 90% os níveis de poluição emitidos e comprovou eficiência operacional. Trata-se do veículo de prefixo 4009, Scania L 94, carroceria Marcopolo Gran Viale.

ônibus a etanol

A Metra também foi uma das pioneiras a operar os ônibus a etanol da nova geração. Entre 2007 e 2008, com bons resultados de desempenho, começava a prestar serviços no Corredor ABD este Marcopolo Viale com o combustível que o Brasil tem potencial para produzir. Foto: Adamo Bazani

Outro veículo em prol de um transporte sustentável é o ônibus a hidrogênio, cujo o funcionamento se dá por um processo chamado eletrólise, que consiste na separação do oxigênio do hidrogênio. O que é descartado pelo escapamento é o vapor d´água. O ônibus foi apresentado em 1º de julho de 2009 e tende a ser uma das alternativas de futuro para o transporte de massa sustentável.
A demanda de passageiros da Metra cresce a cada ano. Reflexo do aumento de algumas atividades econômicas, que geram mais deslocamentos urbanos, e da opção de muita gente que vendo a maior velocidade dos ônibus no corredor exclusivo, em comparação às vias convencionais afetadas pelo trânsito, preferiu usar os serviços da empresa.
Uma solução economicamente viável e também ecologicamente foi a adoção, a partir de 2008, de ônibus urbanos com 3 eixos, de 15 metros.
Estes veículos transportam mais pessoas que os convencionais, podem substituir um número maior de ônibus e possuem, além de toda acessibilidade, motorização eletrônica que segue padrões internacionais de redução de poluentes.
Ônibus maiores, indicados para corredores como os da Metra, representam uma emissão menor de poluição por passageiro transportado. Os veículos têm capacidade para cerca de 100 passageiros.

ônibus 15 metros

Em 2008, a Metra instaura uma nova era no Corredor ABD e coloca em funcionamento os ônibus urbanos de 3 eixos, com 15 metros de comprimento. A capacidade de transportes é maior e mesmo sendo movido a diesel, o ônibus traz ganhos ambientais pois pode substituir mais veículos e possui motor eletrônico que segue normas de redução da emissão de poluentes. Foto: Adamo Bazani.

ônibus articulado

No final de 2010, foi a vez de os ônibus articulados entrarem em processo de renovação. A Metra recebeu o primeiro lote do Caio Millennium II, Mercedes Benz O 500 UA, que além de terem controle de emissão de poluentes, seguem normas de acessibilidade, conforto e segurança determinadas por órgãos técnicos oficiais. Foto: Adamo Bazani

Entre 2010 e 2011, a Metra começa a renovar e aumentar sua frota de ônibus articulados. Foi quando chegaram 11 ônibus Caio Millennium II, Mercedes Benz O 500 UA, também com motoritzação eletrônica, menos poluente, com capacidade maior de passageiros e já seguindo normas rígidas de acessibilidade e segurança, como a Resolução 316 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) e a NBR 15.570, que obrigam equipamentos de segurança e emergência, maior distância entre os bancos, maior largura dos corredores, envidraçamento com boa visibilidade, espaços para cão guia, cadeira de rodas, banco para obesos, faixas refletivas ao longo da carroceria entre outros itens.

O BEM DO MEIO AMBIENTE EM TODOS OS PROCESSOS

ônibus hidrogênio

No Corredor ABD começou a ser testado o primeiro ônibus da América Latina Movido com Célula a Combustível de Hidrogênio. Por um processo chamado eletrólise, o hidrogênio é separado do oxigênio e o que sai pelo escapamento é vapor d’água. Há conversão para energia elétrica que move o ônibus e o veículo não emite poluentes, sendo uma possibilidade de transportes limpos no futuro. Foto: Adamo Bazani

A preocupação ambiental para a Metra não se resume na operação de ônibus com combustíveis alternativos, trólebus ou mesmo diesel regulados e com motorização eletrônica.
A Metra se torna uma empresa sustentável em sua essência a partir do momento que seus colaboradores (funcionários) são conscientizados da importância para o bem da vida e do ser humano em se preservar a natureza e por adotar uma postura ambientalmente amigável nos diferentes departamentos e processos da empresa, desde os tipicamente mais poluidores até os que não são levados em consideração quando o assunto é meio ambiente.
Há um programa de reciclagem de materiais envolvendo os trabalhadores. Lixeiras para o depósito dos materiais que podem ser reaproveitados, com as classificações como papel, vidro, plástico, alumínio, etc, estão espalhadas pelo pátio da empresa e pelos setores internos.
A água usada na lavação dos ônibus e trólebus é reutilizada, com tratamento dos efluentes.
Os bilhetes usados pelos passageiros são triturados e reciclados. Neste trabalho, além de haver uma ação ecológica, há uma atitude sócio-educacional. Isso porque, os bilhetes triturados são levados para a Casa de Lucas, um núcleo assistencial para crianças e adolescentes em Santo André, no ABC Paulista, uma das cidades atendidas pela Metra.
Parte do papel pe suada em peças artesanais comercializadas pelo núcleo assistencial e outra parte é reciclada. Essa parte é transformada em envelopes e folhas usadas pela empresa na execução dos serviços. Este trabalho já ocorre há mais de 10 anos.
Desde 2008, existe o Corredor Verde. Trata-se de um trabalho para deixar mais agradável e com uma melhor estética os 33 quilômetros do Corredor ABD pela plantação de mudas de plantas e árvores.
Já foram plantadas mais de 3 800 árvores e a meta é chegar em 2011 a 5 mil pés de diferentes tipos de plantas urbanas, como as árvores do tipo Manacás, que dão uma aparência mais colorida e mais viva para o corredor.
As árvores neutralizam a emissão de carbono e outros gases não só dos ônibus a diesel que operam no corredor, mas dos carros de passeio e caminhões que andam paralelos a pista exclusiva dos ônibus.
Só por ser uma via de transporte público, por onde passam trólebus, que não emitem nenhum tipo de poluição e ônibus que transportam em menos espaço muito mais pessoas que carros, o Corredor ABD já pode ser considerado ambientalmente vantajoso. Com a implantação do Corredor Verde, esse caráter se amplia em todas os níveis de preservação ambiental, pois se transforma não só num corredor que não polui ou polui menos, mas com as árvores acaba ajudando a despoluir o ar.
Mas dava para fazer mais e foi o que a Metra conseguiu.
Todo material proveniente da poda das árvores e da grama é destinado a outra entidade de assistência social.
A Associação Santo Inácio para a Integração do Trabalhador Especial – ASIITE recebe este material que por meio da compostagem é transformado em adubo, que é recomprado pela Metra. Ou seja, além de não poluir com trólebus, poluir menos com ônibus modernos e de diferentes tecnologias, neutralizar a poluição pelas árvores, plantas e gramado, o Corredor Verde se mantém ao gerar o próprio adubo que manterá as plantações ao longo do trecho por onde trafegam os veículos da Metra.
E quando estes projetos ambientais são associados a trabalhos sociais, como da Associação Santo Inácio e a Casa de Lucas, todos os pilares da sustentabilidade são atendidos: o social, o ecológico e o econômico, já que o reaproveitamento de materiais industrializados e recursos naturais poupa recursos, esforços e gera ganhos diretos, com a economia na compra de materiais reciclados, e indiretos, diminuindo as possibilidades dos gastos decorrentes da poluição, como internações em hospitais ou desperdício de combustível em congestionamentos, que um corredor de ônibus pode evitar.

Corredor Verde

Um corredor de ônibus por si só já é ambientalmente correto pelo fato de um veículo de transporte coletivo poder tirar vários carros das ruas e andando com maior fluidez e velocidade emite menos poluição. Se neste corredor de ônibus então circularem trólebus, o papel ambiental do serviço ganha mais destaque. Mas ainda sabendo que podia fazer mais, a Metra criou em 2008 o Corredor Verde e já plantou mais de 3 800 árvores ao longo dos 33 quilômetros entre São Mateus e Jabaquara. As árvores ajudam a neutralizar o gás carbônico emitido pelos ônibus diesel e carros e caminhões que trafegam ao lado do corredor. Foto: Adamo Bazani

SER HUMANO EM PRIMEIRO LUGAR

Para a Metra, no entanto, preservar o meio ambiente, investir em veículos novos e com tecnologia de ponta e participar de diversas ações sociais tem um só objetivo: o ser humano.
Obviamente as empresas objetivam o lucro. Afinal, se eles não forem financeiramente saudáveis, elas não podem manter os funcionários, a qualidade dos serviços e os investimentos para a melhoria.
Mas é perfeitamente possível uma empresa ser financeiramente vantajosa e ter as pessoas como seu foco.
Aliás, um aspecto complementa o outro. Isso porque as empresas que valorizam os clientes funcionários têm uma imagem melhor no mercado e se destacam, o que resulta em ganhos, inclusive econômicos.
A Metra procura capacitar os funcionários (colaboradores) para melhor atendimento dos passageiros (clientes).
São palestras, treinamentos, cursos de capacitação para diversos cargos.
O motorista, por exemplo, é instruído a saber que não é uma pessoa que apenas dirige um ônibus. Mas ele é o cartão de visita da empresa, o contato entre a companhia e a população.
Assim, quem usa ônibus não deve ser apenas transportado, na filosofia da Metra, mas atendido.
O tratamento humano também é dado para os funcionários. Eles recebem avaliações médicas, além das exigidas pelos órgãos trabalhistas, acompanhamento com psicólogos, fisioterapeutas e contam com programas como de exercícios numa academia dentro da empresa, de leitura, acompanhamento nutricional e de inclusão social.
Muitos problemas enfrentados pro motoristas, por exemplo, como dores nas costas, foram resolvidos não com remédios que intoxicam o organismo, mas com exercícios e reeducações posturais.

O CORREDOR METROPOLITANO ABD

Inaugurado em 1988, o Corredor Metropolitano ABD fez parte de um projeto visionário de interligar a Região Metropolitana de São Paulo por trólebus, era o Projeto Intermunicipal da Rede Metropolitana de Trólebus, na época coordenado pelo Metrô. Apenas o Corredor ABD foi concretizado. O primeiro modelo de trólebus a servir o trecho eletrificado foi o Cobrasma com tração Powertronics. A Cobrasma era uma empresa jpa com experiência no setor ferroviário. Foto: Carlos Alberto.

Falar da história da Metra sem contar um pouco dos desafios das regiões metropolitanas é deixar de abordar os verdadeiros motivos que resultaram na criação do Corredor ABD, por onde a empresa opera.
Desde os anos de 1920, quando as cidades adotaram uma forma mais rápida de crescimento, as atividades econômicas que se intensificavam deixam aos poucos para trás o aspecto rural para o urbano de regiões de São Paulo, inicialmente, as que beiravam os serviços de trem.
Quando Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, pensou numa ligação ferroviária entre o interior de São Paulo e o Porto de Santos, para escoar a produção do principal bem da economia do século XIX, o café, quis beneficiar as atividades agrícolas.
Mas nem ele e nem os ingleses da São Paulo Raillway, que em 1867 inauguraram a linha Santos Jundiaí, passando pela Capital e cidades vizinhas, imaginavam que a ferrovia que era para auxiliar a agricultura foi fundamental para a urbanização de São Paulo.
O mundo vivia a era da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra e, além de novas atividades nas cidades, uma nova mentalidade também surgia.
O transporte, na época o trem, atraía os negócios novos da indústria dos padrões da época e muita gente que queria deixar também a vida agrária, motivada pelos salários maiores e outro estilo de vida urbano.
Ocorre que o número de atividades e da população que procurava os adensamentos urbanos só crescia.
As áreas próximas a estação sofriam dois fenômenos: elas não davam mais conta de tanta gente e negócios e, por conta da maior procura, havia a especulação imobiliária.
Os terrenos e edificações mais caras perto dos centros urbanos e das linhas de trem já não eram acessíveis para a massa trabalhadora ou parte das empresas de menor porte.
Aproveitando o momento de crescimento urbano, donos de sítios e fazendas que ainda eram presentes em cidades como São Bernardo vendiam suas terras a empresas imobiliárias.
Estas loteavam e criavam terrenos mais baratos.
Para acompanhar esse crescimento de maneira rápida e atender esta demanda, seriam necessários meios de transportes flexíveis e de implantação barata.
E o ônibus foi o modal que deu essa resposta rápida. Os bairros cresciam de tal maneira que não daria tempo de estender linhas de trem e de bondes. Além disso, algumas regiões eram de tão difícil acesso que não seria viável tecnicamente os modais por trilhos.
Ali estavam os ônibus e seus pioneiros. Eram donos de velhas jardineiras (ônibus simples parecidos com caminhão) de madeira que venciam verdadeiros obstáculos, como ruas de terra, lama, atoleiros. Eles dirigiam, cobravam, limpavam e consertavam os ônibus. As mulheres destes pioneiros também se envolviam no serviço e desempenhavam serviços pesados.
Foi assim com a família Setti & Braga, da Metra e do Grupo da Auto Viação ABC, uma das primeiras a transportar vidas na região do ABC Paulista.
Com o tempo, já nos anos de 1930, os bairros cresciam de tal maneira que as cidades praticamente se emendavam. Era a chamada conurbação urbana.
As cidades não eram isoladas e o fluxo de pessoas entre elas crescia. Muitas vezes, não era vantajoso seguir de ônibus até a estação de trem para depois ir a outra cidade. Os bairros eram tão próximos dos limites de municípios quer era melhor usar um ônibus entre as cidades.
Fortalecia-se o transporte intermunicipal.
Com as cidades praticamente “emendadas” surgia o conceito de Região Metropolitana, onde as atividades, as pessoas, a cultura e toda a cadeia de serviços eram relacionadas entre os diferentes municípios.
Frente a isso, pela Lei Complementar Federal de número 14, de 08 de junho de 1973, era criada a Região Metropolitana de São Paulo.
O intuito era facilitar política e administrativamente as cidades e bem como o relacionamento e a comunicação entre elas.
Os transportes foram um dos pontos principais a ser pensados. Nos anos de 1980, era apresentado o Projeto Intermunicipal da Rede Metropolitana de Trólebus, que contemplava a criação de 08 corredores na Grande São Paulo. Apenas o Corredor ABD saiu do papel.
O planejamento da rede metropolitana de trolebus, à época, ficou a cargo da Companhia do Metropolitano, o Metrô.
Por isso, que logo no início, os trólebus Cobrasma do que circulavam pelo Corredor vinham com o símbolo e com a inscrição do Metrô.
As obras do Corredor ABD começaram em junho de 1985 e tiveram a primeira parte inaugurada em dezembro de 1988. Era o trecho entre Ferrazópolis (São Bernardo do Campo) / São Mateus (zona Leste de São Paulo).
Deppois foi a vez do corredor ser completado entre São Bernardo do Campo e Jabaquara.
Em 1988, a responsabilidade pela operação dos veículos e manutenção do corredor era da EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos. A EMTU que foi criada em 13 de dezembro de 1977, na época da criação e da consolidação do conceito de regiões metropolitanas.
Após passar um tempo subordinada à Emplasa (Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo), a partir de 07 de julho de 1980, no dia 24 de setembro de 1987 a EMTU era reconstituída e em junho de 1988 recebia a atribuição de gerenciar e fiscalizar os transportes intermunicipais metropolitanos, atribuição que até então era de responsabilidade do DER – Departamento de Estradas de Rodagem.

Mafersa M 210 Turbo

A EMTU operou a frota de trolebus e ônibus diesel entre 1988 e 1992. Em 1992 terceirizou a operação da frota diesel.
No ano seguinte, em 1993, terceirizava também os trólebus.
Consórcios de empresas operavam os veículos por contrato. Havia o Metrobus Consórcio Metropolitano de Transportes por ônibus, formado pela Enob Engenharia, W. Washington Empreendimentos e Projetos, Construbase – Construtora de Obas Básicas e Engenharia e Amafi Comercial e Construtora. Também operava o Consórcio Inter – Três de Transporte Coletivo, que era composto pela Auto Viação ABC Ltda, Expresso Santa Rita Ltda e Viação Diadema Ltda, empresas que tiveram os serviços sobrepostos pelas linhas do Corredor ABD.
Esses consórcios operaram até 1997, quando a Metra venceu a licitação da concessão de operação do Corredor.
O Corredor ABD trouxe valorização por onde foi construída. Isso principalmente nos anos de 1990. Nesta época, o ABC Paulista enfrentava o fenômeno da Guerra Fiscal entre estados e Municípios. Após o Plano Real, com a estabilização monetária, os poderes públicos, também prejudicados por anos de inflação, correram atrás de investimentos.
Algumas cidades ofereciam isenções fiscais e até terrenos de graça para os investidores.
Muitos saíram do ABC Paulista.
Avenidas que antes abrigavam indústrias tiveram a paisagem marcada por galpões abandonados.
A região precisava se recuperar e foi no setor de serviços e comércio que essa recuperação foi encontrada.
Da mesma forma que no final do século XIX a linha da São Paulo Railway trouxe investimentos por onde passava, guardadas as proporções e as épocas, o mesmo ocorre com o Corredor ABD.
As facilidades de acesso que o Corredor proporciona atraíram investimentos inicialmente na área de comércios, serviços e atualmente no empreendimentos imobiliários resicdencias.
Exemplos claros da revitalização paisagística, de infraestrutura e de negócios são a Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Bernardo do Campo, e a Avenida Pereira Barreto, entre Santo André e São Bernardo do Campo.
Na Avenida Pereira Barreto, as fábricas deram lugares à shoppings, grandes mercados, lojas e o corredor proporcionou um novo asfaltamento e iluminação. Os bairros no entorno da Pereira Barreto, de 1988, data da inauguração do Corredor, em diante, tiveram valorização em seus imóveis. Casas e terrenos em bairros como Santa Tereza, Gilda e Paraíso chegaram a ter valorização de até 500% e hoje estes locais vivem uma nova onda imobiliária. As casas em terrenos de 10 X 40 têm sido compradas por imobiliárias que no lugar constroem pequenos prédios com 8, 10 ou 16 apartamentos.
Assim, não há dúvida de que, bem planejado, mantido e operado com qualidade, um corredor de ônibus, como o Corredor ABD pode se integrar de forma harmoniosa ao ambiente urbano e, se receber iniciativas como o Corredor Verde, pode revitalizar a paisagem urbana e valorizar não só com os serviços, mas do ponto de vista do mercado imobiliário, a região onde atende.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

Comentários

Comentários

  1. rodrigo disse:

    realmente muito boa materia, que conta não só a história dessa empresa digna de elogios mas das cidades por onde ela passa, esclarecedor, e de um conteudo muito rico é sempre muito bom, ler este blog, esta de parabens.
    Rodrigo Carvalho funcionario Metra, com muito orgulho.

  2. Paulo Gil disse:

    Amigos, bom dia

    “PELA OBRA SE CONHECE O AUTOR”

    Agora sim além da fotos uma sobre o PRIMEIRO colocado.

    PARABÉNS a todos que trabalharam por merecer este.

    Pra comemrorar, coloquem um jogo de roda cromadas no carro
    mais novo da Metra, ai além de tudo vai ficar elegante di +.

    OBs: Ainda vou ler a matéria palavra por palavra e linha por linha,
    com muita calma.

    Parabéns!

    Muito obrigado.

    Paulo Gil

  3. Ricardo disse:

    Valeu pelas fotos antigas da EMTU, agora fiquei curioso em saber o destino desses Mafersa, a placa BXF-3325 não é de algum carro que foi para a SBCTrans?

    1. disse:

      Os Mafersa da SBC Trans, foram adquiridos na época pela ETCSBC em 1994, OK. Os da EMTU, foram vendidos para fora.

  4. Gustavo Cunha disse:

    Boa tarde à todos !

    Adamo, parabéns pela matéria. Não conheço da realidade sobre o transporte por ônibus no ABC, mas, face aos inúmeros elogios, a METRA realmente deve ser uma boa empresa.

    Já vi, na net, uma foto da garagem dela e fiquei impressionado com a estrutura, praticamente industrial.

    Abraços.

  5. Gustavo Cunha disse:

    Boa tarde à todos, novamente !

    Finalizei a pouco, a leitura de sua matéria Adamo.

    Parabéns pelo relato detalhado e elogiante, porque, quem de nós não se orgulha e se satisfaz com elogios.

    A Metra fez por merecer.

    Quanto à Metra, retifico meu post anterior, para, dizer que, realmente é uma excelente empresa. Poucos são os exemplos atuais, de empresas que desenvolvem novas tecnologias, estratégias de operação, como a Metra, e, face ao fato, ela merece o reconhecimento aqui posto.

    Abraços.

  6. Obrigado a todos pelos comentários e leitura da matéria, mesmo ela estando um pouco longa. Mas é final de semana, frio, dá prá ter um tempoinho e ler um pouquinho mais. rsrssrs

    Ainda falotou muita coisa, como a hist´pria do Metra Class, antes da faixa Diade,ma _ Berrini, mas esta va,os elaborar aos pouquinhos.

    Nestes dias a saúde não tem ajudado muito e tento pegar mais leve.

    Abraços.

    1. Paulo Gil disse:

      Adamo, boa noite.

      Estimo suas melhoras, vc não pode pegar, pois seu trabalho é tão
      necessário e útil como o “Carro Diretão”.

      SAÚDE!

      Paulo Gil

  7. Paulo Gil disse:

    Amigos, bom dia

    Ádamo, excelente e completa matéria.

    Após ler a matéria na integra, faço mais algumas considerações.

    1) Parabéns aos pioneiros Sr. Fernando Medina Braga e Sra. Maria Myts Setti Braga. por plantar a semente, zelar pela árvore, pelo replantio e pela colheita.

    2) Cobrasma e Mafersa, saudades de bons e pioneiros carros confortáveis.

    2.1) Preservem 02 Cobrasmas, um para estudos futuros ele ainda çhe serão muito úteis, afinal a Cobrasma sabia o que fazia.

    3) Para obter nota 10, comecem a atuar na engenharia civil e desenvolver os “kit´s túneis”, para eliminar os semáforos do corredor ABCD.

    4) Muito legal esse carro movido a Hidrogênio, liberem ele para dar umas viagens aqui
    em Sampa, para apreciarmos o gosto da inovação pelo menos uns dias.

    5) O mais importante, venham para São Paulo, 2013 tá chegando.

    6) Querem faturar mais?

    Vendam ou licenciem o “know hown” de limpeza interna dos buzões, aqui para todos os “ônibus” de Sampa.

    Continuem assim, PARABÉNS!

    Muito obrigado.

    Paulo Gil

  8. Paulo Roberto disse:

    Muito boa a matéria. Eu gostaria de saber se apenas a Metra participou da licitação na época, pois ja ouvi dizer que até a Urubupungá participou dessa licitação.

    Abraços

  9. GERSOM A TOMAZ disse:

    ADAMO , A METRA TEM UM DIAMANTE INTERNO BRUTO , SÓ FALTA SER LAPIDADO , VÊ SE VC CONSEGUE ACHAR , BOA SORTE.

    1. Paulo Gil disse:

      Gerson, boa noite

      Dá uma dica.

      “A curiosidade matou o gato”

      Grato

      Paulo Gil

Deixe uma resposta

Descubra mais sobre Diário do Transporte

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading