História

Riacho Grande: um distrito que se tornou industrial, urbano e de prestação de serviços sem ter deixado a cara de rural

Ônibus Caio Mercedes Benz da Viação Riacho Grande, nos anos de 1980, uma das viações mais antigas em operação no ABC Paulista

Neste mês de dezembro, um dos distritos mais importantes na história do ABC Paulista completa 62 anos

É possível um local ter sido rota de transportes, registrado intensa urbanização, um dos pólos de abastecimento de diversas cidades, ter abrigado uma indústria que já foi carro chefe de uma economia regional e nunca ter deixado de lado aquele ar do campo, de interior?
Riacho Grande, um dos distritos de maior importância histórica e contemporânea do ABC Paulista prova que é possível sim.
Neste mês de dezembro, Riacho Grande comemora 62 anos de reconhecimento oficial de Villa para Distrito. A data precisa, segundo o setor de documentação histórica da Prefeitura de São Bernardo do Campo é 24 de dezembro de 1948, apesar de o processo para a transformação de vila a distrito tenha começado em 19 de agosto também de 1948.
Desde 2005, no entanto, o aniversário do distrito é celebrado no início do mês de dezembro, por determinação de decreto municipal de 09 de novembro daquele ano, assinado pelo então prefeito Willian Dib.
A importância de Riacho Grande não se resume ao desenvolvimento de São Bernardo do Campo ou mesmo do ABC Paulista. Isso porque, o local foi fundamental para o crescimento econômico, social e político do Estado de São Paulo e do País.
Tudo começou já no século XVI, quando o local era bem movimentado para os padrões da época.
Riacho Grande abrigava diversos caminhos e trilhas que ligavam a Capital Paulista ao Litoral Sul do Estado.
Por conta desta importância para o setor de transportes e para a economia como um todo, a região correspondente a Riacho Grande foi logo tomada não só por fazendas e plantações, mas por uma rede de serviços e hospedagem para os viajantes. Pousadas, pequenos comércios e locais para o descanso, alimentação e tratamento aos animais dos viajantes movimentavam a economia local.
Isso foi um atrativo para a região concentrar boa arte de imigrantes, principalmente italianos que buscam no Brasil o sonho da prosperidade das Américas. Prosperidade esta que viria, claro, com muito trabalho, num ritmo que ainda não era costume em boa parte do País, visto que tais atividades eram para o lucro e não para a subsistência.
Instalada ao redor da Estrada Velha de Santos, a vila de Riacho Grande começou a receber as chamadas linhas colônias: primeiro foi a linha de Rio Grande. Em seguida as de Bernardino de Campos, Campos Sales, Rio Pequeno, Voluntários da Pátria, Capivari e Curucutu.
A instalação da linha férrea entre Santos e Jundiaí, passando pela região hoje correspondente ao ABC, não foi só uma linha de trem, mas uma linha divisora da história.
O trem, que facilitava o escoamento da produção atraiu moradores e indústrias, desenvolvendo economicamente as regiões próximas de onde passava.
Com o crescimento das moradias urbanas em São Paulo, e para abastecer a linha férrea, as atividades de extração de madeira e venda de carvão tornaram-se prósperas. Vários imigrantes em Riacho Grande se dedicaram a elas. Em 1927, com a criação da Represa Billings, parte da área da vila foi tomada pelas águas. A redução de território representou mais prosperidade. Paralelamente se desenvolvia a indústria moveleira em São Bernardo do Campo, a mais forte do País que teve berço em Riacho Grande, com a criação, em 1889, pelo italiano Fortunato Finco, de uma serralheria. Em homenagem à família, Bairro do Finco é um dos loteamentos do distrito.
Com o crescimento populacional, a necessidade de transportes era grande. Mas as operações eram muito difíceis devido a topografia, aos braços de rios e represa e às ruas de terra. O desafio de mobilidade foi encarado mais intensamente pela família Romano, em 1970, que fundou a Viação Racho Grande. A linha inicial saía do distrito e ia até o núcleo Santa Cruz, atual balsa. Os ônibus tinham de superar verdadeira barreiras, mas valeu a pena. Com mais linhas, a empresa opera até hoje.
Adamo Bazani

Comentários

Comentários

  1. vanderlei disse:

    esse ônibus da foto é um raríssimo caio bela vista já com a frente do caio gabriela!

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